Storytelling: uma viagem ao tempo da pesca à baleia na ilha do Pico
08/05/2024
No Festival Pico Zen, viveu-se uma experiência única e profunda, conduzida pelo antropólogo José Carlos Garcia e pelo Sr. Manuel Dias, ex-funcionário da histórica Fábrica da Indústria Baleeira em São Roque do Pico, agora um dos polos do Museu do Pico. Foi uma imersão na história viva, onde a narrativa ganhou vida através das palavras de quem a viveu.
A visita começou com as palavras sábias e envolventes de José Carlos Garcia, cuja paixão pela história e ciência da baleação contagia quem o ouve. A sua introdução foi mais do que uma simples contextualização; foi uma porta de entrada para um mundo onde passado e presente se entrelaçam de forma envolvente.
Mas foi a voz de Manuel Dias que trouxe a história à vida, transportando-nos diretamente para os corredores da fábrica, onde o eco das máquinas e os cheiros nauseabundos se misturavam. Como o mais antigo dos ex-funcionários da fábrica, as suas memórias foram revelando os desafios enfrentados por aqueles que lá trabalharam nas décadas de 60, 70 e 80.
Ouvir as histórias desses dois entendidos foi uma experiência enriquecedora. José Carlos Garcia, o estudioso da baleação, não apenas partilhou factos e números, mas também transmitiu uma profunda conexão emocional com o tema. A sua dedicação em eternizar a história da baleia na ilha do Pico é evidente, e sua visão do papel da indústria baleeira na economia local é inspiradora.
Enquanto isso, Manuel Dias personificava a própria história, suas memórias sendo como páginas vivas de um livro que se desdobrava diante de nós. Através das suas palavras, testemunhamos não apenas os aspectos técnicos da baleação, mas também a camaradagem e a resiliência que permeavam a vida na fábrica.
Cada actividade do Festival Pico Zen é mais do que uma simples experiência; foi uma viagem no tempo, um mergulho nas profundezas da cultura e da identidade da ilha do Pico. E ao sair, carreguei não apenas conhecimento, mas também um profundo respeito e admiração pela história e pelas pessoas que a preservam.
A história da baleia não terminou na fábrica; ela continua a ecoar nas ondas do presente, na reinvenção da indústria e na valorização da observação dos cetáceos. E graças a pessoas como José Carlos Garcia e Manuel Dias, essa história nunca será esquecida, continuando a inspirar as gerações futuras.
Daniela Silveira
Produtora Cultural