Grande Entrevista ao Diretor do Festival - Luis Bidarra
18/11/2022
- Arranca, no próximo dia 27 mais uma edição do festival Pico Zen. Qual é o conceito deste festival e que tipo de atividades oferece?
O conceito deste festival é promover os valores da ecologia, a sustentabilidade, o vegetarianismo, as práticas holísticas para proporcionar uma experiência única e inesquecível, onde se permite partilhar ferramentas para uma vida mais saudável e harmoniosa, desfrutando de momentos únicos no seio da natureza. Isso inclui uma série de atividades de bem-estar, como massagens, yoga, dança, música, pintura, observação de estrelas, caminhadas, meditação, workshops e até desportivas como Trail Run, mas também atividades relacionadas com a natureza da ilha como subida noturna à montanha do Pico, mergulho e observação das baleias. Iremos também promover o workshop de bolo de milho, onde ensinamos a fazer o bolo de milho tradicional do Pico. É um festival aberto a toda a família, a todas as pessoas, de todas as idades, nem precisa ser praticante de yoga, apenas precisa estar disposto a experimentar algo diferente. A ideia é estarmos felizes!
- Como surgiu a ideia de criar um festival deste género na ilha do Pico e como tem evoluído desde a primeira edição?
A ideia surgiu de dois primos: Eu e a minha prima Liliana. Ambos ficámos fascinados pela ilha do Pico, onde conhecemos os nossos companheiros. Apaixonei-me pela minha esposa numa subida à montanha e desde então não sai mais da ilha. Construí família e é onde atualmente resido com a Ana Paim e as minhas duas filhas. A Liliana igualmente disse o ‘sim’ ao seu marido na ilha do Pico e ambos trouxeram para Lisboa, onde residem, um grande amor. Assolados pela beleza e potencial da ilha e considerando-nos mentes criativas e entusiastas, pensámos que podíamos partilhar com mais pessoas esta beleza de forma harmoniosa - um equilíbrio entre a natureza e o autocuidado. Eu ligado ao turismo e a Liliana às terapias holísticas, unimos forças. A primeira edição foi entre familiares e amigos, onde percebemos logo a novidade do conceito e a recetividade do projeto. Com parceiros, amigos e família fomos desenvolvendo e evoluindo a cada ano, sabendo que o que nos movia seria sempre o amor e a natureza. Então ficou simples a mensagem e o espírito do festival: proporcionar a quem nos visita um bálsamo de boa energia, equilíbrio e bem-estar. Através de mantras, práticas, terapias e experiências. O amor vai fluindo num ambiente naturalmente envolvente. Nesta edição prometemos não dececionar.
- Este ano, o programa inclui também as comemorações do Dia Internacional do Jazz e da causa "Um dia Pela Vida", do núcleo regional dos Açores da Liga Portuguesa contra o Cancro. Como surgiram estas parcerias?
Estas parcerias surgiram naturalmente. Quanto ao Dia Internacional do Jazz, surgiu no momento que conheci pessoalmente a Daniela Silveira, produtora do Festival Jazz Lava, no qual lhe aprecio todo o seu trabalho desenvolvido pela associação Get Art nos Açores e principalmente na Ilha do Pico. Durante a nossa conversa desafiei-a a dar o seu contributo ao Festival Pico Zen, e ela imediatamente me propôs a comemoração do Dia Internacional do Jazz. Sendo o Jazz associado à luta pela liberdade e à abolição da escravatura, fez todo o sentido! Assim, celebrar-se-á o Dia Internacional do Jazz em São Roque do Pico pela primeira vez, desafiando o maestro Paulo Freitas, da Orquestra Juvenil da Escola Básica e Secundária de São Roque do Pico, a apresentar um concerto. Quanto à causa "Um dia Pela Vida", em janeiro a coordenadora local do projeto Um Dia Pela Vida - Ilha do Pico, Ana Paula Silva, lançou-nos o desafio de criar uma equipa, para dinamizar pelo menos uma atividade com o objetivo de angariar verbas para a Liga Portuguesa Contra o Cancro e uma ação de educação para a saúde e para a prevenção do cancro. Achámos imediatamente que fazia todo o sentido uma vez que o festival Pico Zen pretende a promoção da saúde e bem-estar, então falamos com os nossos colaboradores e organizamos a tarde de dia 29 de abril com esse intuito. Iremos ter um testemunho de uma sobrevivente de cancro, uma palestra "O papel da Alimentação no Cancro" prevenção e pós doença e ainda um Concerto de Música Medicina. 50% da verba angariada durante essa tarde reverterá a favor da Liga. Esta causa é de todos, pois contra o cancro estamos todos!
- Há cada vez mais pessoas à procura deste tipo de atividades? De onde chega a maioria do vosso público?
Sem dúvida. As pessoas estão esgotadas pela rotina, pela falta de contato com a natureza. Procuram emoções novas, experiências vibrantes, boas conexões, tempo de qualidade em família. O mundo está cada vez mais conectado com a fonte de energia mãe - a natureza! E é dele que nos chegam os participantes: das ilhas, do continente, da Europa, do mundo!
- Na sua opinião, o futuro do turismo nos Açores passa cada vez mais por este tipo de atividades ligadas ao bem-estar e à natureza?
Sem dúvida. Ao estar ligado ao turismo noto que praticamente todos os destinos vendem o mesmo: cultura, gastronomia, turismo ativo, natureza, cultura, mas os Açores são diferenciadores no que toca à natureza! O Festival nasceu em 2018 e nessa altura a Organização Mundial do Turismo e o Booking.com estimavam que 15% dos viajantes em todo o mundo procurariam o conceito mindfulness travel. A Lonely Planet, uma das maiores editoras de guias de viagem do mundo, estimou que em 2018 o Mindful Travel representaria o segmento com maior crescimento, 10% no mundo. A OMS declarou que entre 2020 em 2030, burnout e stress vão ser consideradas doenças em que médico poderá prescrever baixa, logo faz todo o sentido que as ilhas dos Açores promovam atividades de saúde e bem-estar relacionadas com a sustentabilidade ambiental, até mesmo como forma de combater a sazonalidade do turismo que ainda se verifica em algumas ilhas.
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Diário Insular
Carina Barcelos