Diário PicoZen - Dia 3
27/04/2025

Hoje acordei às 8h00 da manhã, depois de um sono tão profundo que até babei a almofada. Ri-me sozinha. Não é algo que aconteça muitas vezes. Como sempre, sou a primeira a acordar. A Maria Beatriz continua a ser a última lá em casa.
Às 10h00 tínhamos encontro marcado no Salão Comunitário de Santo António para o workshop de bolo de milho, uma atividade que já é tradição no festival. O objetivo é simples e bonito: manter vivas as tradições e partilhá-las com quem chega de fora.
Aprendemos todo o processo: acender o lume, tirar as brasas, amassar a massa, moldar os bolos e pô-los a cozer. É um trabalho que pede tempo e paciência, tal como era feito antigamente, pelas mulheres que seguravam as casas com as suas mãos sábias.A Deodata Serpa, picarota, foi quem nos guiou. Este ano trouxe mais ajuda: enquanto ensina o bolo de milho, outras mulheres vão fritando as tortas, feitas com ovos e salsa, muita salsa.
Depois, sentámo-nos todos nas mesas corridas para almoçar. Sopa de funcho para começar, depois o que cozinhámos juntos. Comida simples, feita com calma e carinho.
Tivemos uma hora e meia livre a seguir ao almoço. Aproveitámos para percorrer o novo Trilho do Garajau, 900 metros junto à costa de São Roque. Muito melhor do que ir pela estrada. A Maria Beatriz foi praticando a leitura da sinalética dos trilhos que tinha aprendido no dia anterior — passou o teste sem dificuldade.
Às 15h00 já estávamos de volta ao parque de campismo da Furna. As crianças seguiram para o Eco Fun Playground com a facilitadora Rute Cheia de Graça. Eu aproveitei para descansar um pouco à sombra, a conversar e a beber água fresca. Às 18h00 chegou o Netos Eventos com o espetáculo de bolas de sabão. Água, terra, gargalhadas — no fim, tínhamos crianças a precisar urgentemente de um bom banho.
Depois de um bom duche, veio aquele cansaço bom, típico de quem já vai no terceiro dia de festival. Ainda assim, ao jantar, lá estávamos todos juntos, com a luz do dia ainda a espreitar.
Às 21h00 fomos para a tenda principal. Era dia de Paint in the Dark. À entrada deram-nos uma tela. Lá dentro, luz negra, música e tintas fluorescentes à nossa espera. Foi um momento tranquilo, sem pressas, a pintar no nosso ritmo, lado a lado com quem quisesse partilhar o espaço.
Antes de terminar o dia, ainda houve tempo para a Ecstatic Dance, facilitada pela Rute Cheia de Graça e pela Bárbara Eugénia, que volta ao festival pela segunda vez. A Ecstatic Dance é isso mesmo: dançar livremente, sem coreografias, sem julgamentos, só a seguir a música e o que o corpo pede.
As crianças, claro, também dançaram, correram e brincaram no meio de nós. Tudo fez sentido.
Já passava da meia-noite quando voltámos para casa. A Maria Beatriz adormeceu em menos de meio minuto. Eu segui o mesmo caminho.
Dormimos tranquilas. Dormimos zen.
Daniela Silveira
Gestora Cultural